O italiano Stefano Baldini e o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima se reencontraram nesta sexta-feira, em Milão. Os dois disputaram a maratona nos Jogos Olímpicos de Atenas, em agosto, quando o atleta da Itália levou a medalha de ouro depois que o do Brasil, que ficou com o bronze, foi atacado durante a prova - a prata sobrou para o norte-americano Mebrahtom Keflezighi.
Convidados da organização da Maratona de Milão, que acontece no domingo, Baldini e Vanderlei tiveram um encontro rápido, mas bem amistoso. Foi tudo uma jogada de marketing para promover a prova, apesar de que nenhum dos dois vai disputá-la. "Esta foto vai dar a volta ao mundo", reconheceu o atleta italiano, posando para os fotógrafos ao lado do brasileiro.
Agressão - Vanderlei liderou boa parte da maratona, até ser atacado pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan. Baldini aproveitou para assumir a primeira posição e ganhar a prova. Mas, pelas circunstâncias, o brasileiro também saiu como vencedor de Atenas.
Apesar do clima amistoso do encontro, Baldini foi enfático: ele venceria a prova mesmo que Vanderlei não tivesse sido atrapalhado. “O que eu penso é que olhando a corrida como se desenvolvia, analisando os tempos que estávamos fazendo e vendo como terminou, claro que eu acho que a maratona seria encerrada da mesma maneira”, disse o italiano.
Mas Baldini não cansou de elogiar o brasileiro. “Estou muito chateado com o que aconteceu ao Vanderlei. De qualquer maneira, ele fez uma corrida maravilhosa, belíssima, provavelmente a mais bela da sua vida”, afirmou o italiano, ciente da importância que o fato ganhou. "Devemos dizer que esta prova vai ser lembrada, e por isso estamos aqui juntos hoje, por este incidente. Esta foi a medalha de bronze mais célebre de todas as olimpíadas e certamente, na sua casa (no Brasil), é muito mais considerada do que a de ouro."
Sem crise - Em estado de graça pelas mudanças em sua vida desde a Olimpíada de Atenas, Vanderlei não se importou muito com o fato de Baldini ter dito que ganharia a maratona mesmo se o ex-padre irlandês não tivesse aparecido. “Acho que o incidente mudou completamente a história. Pode ser que eu não vencesse, mas chegaria em melhores condições. Mas o importante é que tudo para mim passou a dar certo. De certa forma, o mais importante de tudo foi a mensagem do verdadeiro espírito olímpico”, admitiu o atleta brasileiro. “E tanto eu como ele entramos para a história dos Jogos Olímpicos.”